domingo, 26 de dezembro de 2010

Os convencidos da vida

"Todos os dias os encontro. Evito-os. Às vezes sou obrigado a escutá-los, a dialogar com eles. Já não me confrangem. Contam-me vitórias. Querem vencer, querem, convencidos, convencer. Vençam lá, à vontade. Sobretudo, vençam sem me chatear.
Mas também os aturo por escrito. No livro, no jornal. Romancistas, poetas, ensaístas, críticos (de cinema, meu Deus, de cinema!). Será que voltaram os polígrafos? Voltaram, pois, e em força.
Convencidos da vida há-os, afinal, por toda a parte, em todos (e por todos) os meios. Eles estão convictos da sua excelência, da excelência das suas obras e manobras (as obras justificam as manobras), de que podem ser, se ainda não são, os melhores, os mais em vista.
Praticam, uns com os outros, nada de genuinamente indecente: apenas um espelhismo lisonjeador. Além de espectadores, o convencido precisa de irmãos-em-convencimento. Isolado, através de quem poderia continuar a convencer-se, a propagar-se?
(...) No corre-que-corre, o convencido da vida não é um vaidoso à toa. Ele é o vaidoso que quer extrair da sua vaidade, que nunca é gratuita, todo o rendimento possível. Nos negócios, na política, no jornalismo, nas letras, nas artes. É tão capaz de aceitar uma condecoração como de rejeitá-la. Depende do que, na circunstância, ele julgar que lhe será mais útil.
Para quem o sabe observar, para quem tem a pachorra de lhe seguir a trajectória, o convencido da vida farta-se de cometer «gaffes». Não importa: o caminho é em frente e para cima. A pior das «gaffes», além daquelas, apenas formais, que decorrem da sua ignorância de certos sinais ou etiquetas de casta, de classe, e que o inculcam como um arrivista, um «parvenu», a pior das «gaffes» é o convencido da vida julgar-se mais hábil manobrador do que qualquer outro.
Daí que não seja tão raro como isso ver um convencido da vida fazer plof e descer, liquidado, para as profundas. Se tiver raça, pôr-se-á, imediatamente, a «refaire surface». Cá chegado, ei-lo a retomar, metamorfoseado ou não, o seu propósito de se convencer da vida - da sua, claro - para de novo ser, com toda a plenitude, o convencido da vida que, afinal... sempre foi."

Alexandre O'Neill, in "Uma Coisa em Forma de Assim"

O engano da bondade

"Endureçamos a bondade, amigos. Ela também é bondosa, acutilada que faz saltar a roedura e os bichos: também é bondosa a chama nas selvas incendiadas para que os arados bondosos fendam a terra.
Endureçamos a nossa bondade, amigos. Já não há pusilânime de olhos aguados e palavras brandas, já não há cretino de intenção subterrânea e gesto condescendente que não leve a bondade, por vós outorgada, como uma porta fechada a toda a penetração do nosso exame. Reparai que necessitamos que se chamem bons aos de coração recto, e aos não flexíveis e submissos.
Reparai que a palavra se vai tornando acolhedora das mais vis cumplicidades, e confessai que a bondade das vossas palavras foi sempre - ou quase sempre - mentirosa. Alguma vez temos de deixar de mentir, porque, no fim de contas, só de nós dependemos, e mortificamo-nos constantemente a sós com a nossa falsidade, vivendo assim encerrados em nós próprios entre as paredes da nossa estuta estupidez.
Os bons serão os que mais depressa se libertarem desta mentira pavorosa e souberem dizer a sua bondade endurecida contra todo aquele que a merecer. Bondade que se move, não com alguém, mas contra alguém. Bondade que não agride nem lambe, mas que desentranha e luta porque é a própria arma da vida.
E, assim, só se chamarão bons os de coração recto, os não flexíveis, os insubmissos, os melhores. Reinvindicarão a bondade apodrecida por tanta baixeza, serão o braço da vida e os ricos de espírito. E deles, só deles, será o reino da terra."

Pablo Neruda, in "Nasci para Nascer"

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

...

Boa noite!
Nesta noite tão especial,passei aqui para vos desejar boas festas e um feliz natal.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Semelhanças

As aventuras de Sammy - A passagem secreta

Boa noite pessoal!
Já fui ver o filme que estreou recentemente nos cinemas chamado,"As aventuras de Sammy".
No dia em que eu fui era o segundo filme mais visto,depois de "Entrelaçados".

Mas o que é que este filme tem de especial?
Para além de ser dirigido ao público infantil,o filme alerta também para os perigos ambientais causadas pelos humanos como:os derrames de petróleo no mar,as espécies que podem estar em vias de extinção e a destruição do habitat natural das tartarugas marinhas.
Conclusão:já chega de ver poluição nos mares e os recursos da Terra esgotados,qualquer dia não nos resta nada.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Don algodon


A música é tão pirosa...parece um anúncio de perfume para pandulões XD!

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Os novos modos de entretenimento

Saudações!
Se dantes ir à feira popular ou a parques de diversão era normal,hoje em dia surgem cada vez mais novos modos de entretenimento.
Como as feiras populares deixaram de funcionar,inventou-se uma infindável variedade de tecnologia de diversão:playstations,wiis,jogos virtuais e karaokes.
Todos estes modos favorecem o sedentarismo e a individualidade,pois o jogador mesmo estando acompanhado interage e concentra-se no ecrã.
Quanto à wii,são ecrãs com câmera e comandos para captar os movimentos,onde incluem jogos que substituem as idas ao ginásio.Estes são no fundo exercícios para praticar em casa frente à televisão e também é uma forma de ter todos a mexer.
Conclusão:as playstations,nitendos e wiis são a maior fonte de atracção do entretenimento moderno.

Uma observação

Tudo o que seja surrealista,sensacionalista e fantasista seja blogues,literatura,filmes,programas ou revistas,estão sempre concorridos,sempre na primeira linha...bem nem sei o que hei-de escrever mais,só sei que é exactamente aquilo que não presta!

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Sem remédio

Aqueles que me têm muito amor
Não sabem o que sinto e o que sou...
Não sabem que passou, um dia, a Dor
À minha porta e, nesse dia, entrou.


E é desde então que eu sinto este pavor,
Este frio que anda em mim, e que gelou
O que de bom me deu Nosso Senhor!
Se eu nem sei por onde ando e onde vou!!


Sinto os passos de Dor, essa cadência
Que é já tortura infinda, que é demência!
Que é já vontade doida de gritar!


E é sempre a mesma mágoa, o mesmo tédio,
A mesma angústia funda, sem remédio,
Andando atrás de mim, sem me largar!


Florbela Espanca

Lágrimas ocultas

Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...


E a minha triste boca dolorida,
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!


E fico, pensativa, olhando o vago...
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim...


E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!

Florbela Espanca

Elásticos precisa-se

Não há nenhum elástico que aguente o meu cabelo!
Já rebentei com todos,pois o meu cabelo é denso e volumoso e não encontro em lado nenhum elásticos extra fortes e duráveis,todos são "made in China"!

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Nota para não escrever

Se o conhecimento é uma forma de escrita, mesmo sem palavras, uma respiração calada, a narrativa que o silêncio faz de si mesmo, então não se deve escrever, nem mesmo admitindo que fazê-lo seria o reconhecimento do conhecimento. Pode escrever-se acerca do silêncio, porque é um modo de alcançá-lo, embora impertinente. Pode também escrever-se por asfixia, porque essa não é maneira de morrer. Pode escrever-se ainda por ilusão criminal: às vezes imagina-se que uma palavra conseguirá atingir mortalmente o mundo. A alegria de um assassinato enorme é legítima, se embebeda o espírito, libertando-o da melancolia da fraternidade universal. Mas se apesar de tudo se escrever, escreva-se sempre para estar só. A escrita afasta concretamente o mundo. Não é o melhor método, mas é um. Os outros requerem uma energia espiritual que suspeita do próprio uso da escrita, como a religiosidade suspeita da religião e o demonismo da demonologia. A escrita - inferior na ordem dos actos simbólicos - concilia-se mal com a metamorfose interior - finalidade e símbolo, ela mesma, da energia espiritual. O espírito tende a transformar o espírito, e transforma-o. O resultado é misterioso. O resultado da escrita, não.

Herberto Helder, in 'Photomaton & Vox'

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Cruzeiro Disney Dream


O cruzeiro Disney Dream foi construído a pensar nos desenhos animados da Disney.
Tem capacidade para quatro mil passageiros e é um autêntico parque de diversões flutuante!
Quem me dera viajar num cruzeiro onde a imaginação é real!

sábado, 13 de novembro de 2010

A moda das calças descaídas

Olá,boa tarde meus fãs!
Quantos de vocês já viram rapazes com calças descaídas?
Pois é,a moda também contagiou os operadores de câmera.
Digo isto porque vi-os noutro dia quando fui ao continente:estava a Leopoldina sentada numa mesa com umas pessoas mais os jornalistas sentados a assistirem aos discursos e no fim todos bateram palmas e tiraram fotografias e os operadores que circulavam e filmavam estavam todos de calças descaídas!
Fogo,primeiro foi na marcha de Lisboa,agora no Continente...francamente,alguém devia apertar no modo de apresentação e no código de ética deles também!

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Toys'r'us no seu pior e Leopoldina a 3D

Este ano a Toys'r'us fez mesmo um anúncio...gritante!

Já a mascote do Continente segue sempre o mesmo modelo de super-heroína.

Mas é claro que os anúncios de hoje em dia não se comparam nada aos que passavam há vários anos,que até pareciam cenas de um filme de ficção científica.
Sorte a minha que cresci a ver anúncios de brinquedos que já não se fazem mais como antigamente,quando ainda não havia computador.
"O discurso é o rosto do espírito." Séneca

"A vida é uma simples sombra que passa (...);é uma história contada por um idiota,cheia de ruído e de furor e que nada significa." William Shakespeare
"O homem que não tem vida interior é escravo do que o cerca" Henri Amiel
"É bom escrever porque reúne as duas alegrias: falar sozinho e falar a uma multidão" Cesare Pavese .