Descartabilidade fugaz

O tema desta dissertação é sobre os argumentos politicamente correctos usados ocasionalmente.

Após uma exausta reflexão,confirma-se que geralmente o que se diz por hábito espontâneo num diálogo,é pura mentira.

Quando as pessoas não se identificam com as outras dão desculpas comuns nem sempre facéis de notar,sobretudo se essa pessoa se cruzou por acaso na rua depois de anos sem ver um conhecido ou com alguém próximo dele.

Perder o número de telemóvel é o cliché mais batido.

Tudo começa quando a pessoa encontrada não teve mais contacto com a outra e ao ser apanhada de surpresa pela pergunta "então por onde andas?Nunca mais tive novidades tuas desde a última vez que nos vimos",obviamente a pessoa vai dizer que perdeu o número para dar conversa porque não está incluída no círculo.No fundo significa que não tem interesse em manter contacto assim que troca os números dizendo,"depois vou ligar para tentar saber" e entretanto tal nunca chega a acontecer ou talvez uma vez só.

Vale ter em conta que esta é uma maneira de falar e que a pessoa não vai retomar a proximidade com o conhecido!Ninguém perde assim à toa,quando se gosta até apontam num papel e arranjam disponibilidade,ou seja,é uma forma educada de enganar um ignorante evitando justamente serem directos para não transmitirem a impressão de serem grosseiras ao responder.

As circunstâncias da vida afastam naturalmente as pessoas,numa certa fase só se pode contar com a família e com os que pertencem regularmente e não com quem decidiu estar de fora,pois nem todos criam grandes amizades nem elos por isso inventam esta desculpa esfarrapada de modo a disfarçar o verdadeiro motivo.

Na maioria dos casos,só constam no telemóvel os que são de longa data,os outros tornam-se descartáveis.

O mesmo se sucede quando o anfitrião convida alguém e nesse dia a pessoa não comparece à festa sem ter avisado previamente...também é abominável!!!Nessa situação era melhor não se aceitar o convite do que faltar sem nenhuma justificação nem sequer atender as chamadas,por outro lado,o anfitrião deve ter o cuidado de não convidar à toa só para ter muita gente presente ou para matar saudades de alguém "distante" ou pela vontade de quem concorda...aí a festa deixa de ser simbólica e as coisas não devem girar à volta desses indivíduos,o próprio tem de se priorizar.

Convém lembrar que na idade adulta quando se organiza uma festa (de aniversário) é pelo facto da pessoa querer preencher um vazio,pois algumas não se dão bem com isso achando ser deprimente.

Pessoas destas que dizem a gozar que perderam o número,devem ser esquecidas depressa e não são de confiança!Não adianta dizer que está com saudades e combinar marcar algo se não tem a intenção de realizar...este é o famoso argumento politicamente correcto utilizado que leva à falsidade!

Os princípios de convivência foram totalmente por água abaixo.

O segredo é não esperar nada de ninguém.Quando alguém não tem interesse,não há nada que mude isso por mais que se custe a acreditar...faz parte do trajecto pessoal livrar dessas pessoas.

Como já foi referido,não é fácil detectar esta mentira de perder o número por ser socialmente normalizada mas pode-se desde já afirmar que essa pessoa não está disposta em falar com um conhecido que permanece anos sem se ver,o rumo segue.

Portanto,se fosse mesmo preciso e houvesse interesse,a descartabilidade não era à vista tão fugaz.