Na neblina do luar
Vejo o céu reflectido na água límpida
Contemplo no alto uma estrela cintilante
E paira no ar luzes obscuras.
Um vento suave e paralisante
Apaga as chamas das velas
De longe,avisto um sepulcro onde estão as mágoas enterradas
O único lugar de meditação.
As minhas preces se tornaram em cânticos nocturnos
Os espíritos da madrugada susurram aos ouvidos
Guiada pelas pétalas que giram em espiral
Chego a um fascinante jardim repleto de infinitas flores resplandecentes
Camuflada pela neblina do luar,
Raros o ousaram desbravar.
Eis aqui o perfume exalado pelas trevas encantadas
Aroma vivo e intenso que jamais se desvanece
Jardim de aspecto arrepiante e fatal
Silenciosamente mórbido
Cujo alimento são as lágrimas dos sofridos
Desponta um raio de luz que só as almas atormentadas conseguem ver.
Mil e uma rosas sublimes da escuridão divina
São a paisagem da madrugada
Que rasgam todos os medos
E espetam na profundidade do olhar como uma mortalha dilacerante.
Jardim fuzilante que repousa nas catacumbas do esquecimento
Onde a neblina esconde a beleza suprema
Descoberta num bosque tenebroso.
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