Saudações assombradas!
O tópico desta crónica é sobre conselhos,uma palavra lamentavelmente desvalorizada nos dias que correm.
Os conselhos são delicados e não se pode distribuir por aí a qualquer pessoa,basta ter em conta que vai causar impacto em alguém (mesmo que não haja proximidade).
Ora com o tempo,foi-se tornando superficial e espontâneo para agradar e foi-se suavizando de modo a não estimular desafios com o falso pretexto de estar a ferir susceptibilidades.
Actualmente a pessoa que recebe conselhos procura frequentemente preencher vazios interiores,compensar falta de estrutura moral e algumas são manipuladoras e distorcem factos para a pessoa estar a favor delas e assim chamar constantemente a atenção...é uma das formas de aceitação rasca,sugando a energia de outros.
Um conselheiro é suposto ser responsável,ponderado e equilibrado,prezando sempre pela dignidade.
Aconselhar não pode ser confundido com mandar ou dar uma lição na vida da outra que ouve:ao ser com essa intenção já está a provar ser autoritária e ressabiada e fá-lo para ganhar vantagem para ela própria,ou melhor,ser bajulada (querer que lhe "lambam as botas").No fundo é a pessoa que se quer destacar por achar ser uma figura importante contudo não é nem sequer tem poder para tal.Por exemplo,uma pessoa licenciada que usa o estatuto ou o cargo para aconselhar alguém,não está a ser prestável e sim a afirmar-se,pois um conselheiro tem de se "despir de capas" sociais e estar livre de preconceitos,antipatia e discriminações (contra alguém),caso contrário,é um falso-moralista sem sensiblidade nem compreensão!A esse tipo de pessoas ocas (ou carrascos) como foi mencionado anteriormente,tem de se ensinar que se deve passar na prática por determinadas experiências e enfrentar as adversidades,frisando que atravessar certas fases é crucial para construir histórias no percurso de cada indivíduo,se não vai ser o equivalente a "dar pérolas a porcos"!!!Antes de dar conselhos,é preciso ter uma visão concreta ou uma base sobre algum assunto para depois falar ou então mais vale ser sincero e proteger a saúde mental.
Referindo-se logicamente entre pessoas adultas,um conselho tem de ser dado a quem realmente precisa e sobretudo a quem merece ouvir.
Obviamente que ser conselheiro é uma tarefa complicada:é uma aptidão do qual nem todos são talhados para lidar com humanos.Além disso,convém que os valores não sejam divergentes por uma questão de bom-senso.
Eis o padrão de um guia sentimental comum e dicas de ouro a serem retidas:
1 - quando se armam em espertos e estão convencidos que sabem muito,é sinal de que não levam a situação ou não são guias a sério e ocultam essa incapacidade através de discursos secos,dando a impressão de serem oportunistas/engraxadores em vez de serem referências:são conselheiros parasitas;
2 - ser desprovido de formalidades pois é da natureza humana ter fragilidades;
3 - evitar ser passivo:um conselho é um alerta para se ser prudente;
4 - exige maturidade emocional;
5 - não ser invasivo;
6 - um conselheiro está a desempenhar um papel especial,pelo que não pode ser inconsciente:ou se está a contribuir para a evolução ou simplesmente a semear dúvidas e baralhar a cabeça de quem ouve;
7 - ser imparcial;
8 - aconselhar é um acto introspectivo;
9 - a última palavra tem de ser de quem ouve pois só essa pessoa pode decidir se alguma coisa faz sentido e se serve ou não serve para o problema (a não ser que o grau de confiança seja alto para se seguir aquilo que foi imposto);
10 - quem recebe conselhos tem de verificar primeiro se é proveniente de "fonte" fiável ou se essa pessoa está apenas a transmitir uma reputação errada e cínica para ser idolatrada...por vezes é uma autêntica armadilha.Enfim,um conselheiro não é nenhum substituto de alguém nem um oráculo e aqui todo o cuidado é pouco devido às carências afectivas do momento;
11 - o conselheiro também está sujeito a ser avaliado!!!;
12 - jamais julgar ou caçar insignificâncias;
13 - o ouvinte tem o direito de discordar se ouvir um conselho escusado ou desajustado;
14 - ser um guia tolerante e seguro;
15 - jamais usar alguém como modelo!
e por último,o ponto número 16 - exprimir com coerência:em plena época relativa,a falta de objectividade pode agravar um acontecimento ou ser mal interpretado e a este respeito não é diferente.
Estas foram as pistas para identificar o perfil de um típico conselheiro,salientando que o carácter é orientativo e por isso a disposição para se assimilar é fundamental.
Descrevendo,aconselhar é uma arte que requer disciplina e mestria,daí se ressalvar as qualidades para ocupar o lugar.
Como foi dito,os conselhos são um conjunto de estado de espírito em sintonia e não se deve associar a adulação,ou seja,parte-se do princípio que um conselheiro tenha personalidade admirável e carismática e que não seja uma pessoa chata,aborrecida e desmotivadora no caminho de alguém!
Lembrando de que ambos podem ser desprezíveis e dissimulados,a nobreza de um conselho é tentar despertar uma "luz" debitando hipóteses e não de controlar pessoas.
Terminando,lá diz o ditado popular:"Conselho não se oferece".