domingo, 29 de dezembro de 2024

Recomendações da estratégia digital nacional

Este tópico é uma extensão do plano de acção digital.
Recentemente,surgiu um artigo semelhante às estratégias de transformação tecnológica.
A "APRITEL" não é um nome ouvido nem constado nas entidades de telecomunicações,é uma organização privada reguladora e prestadora de serviços do mercado electrónico onde se publicou oito recomendações da estratégia digital nacional (EDN).
Indo por ordem,eis os quatro pontos seleccionados seguindo da análise com os quais se discorda totalmente.

No primeiro ponto,há uma pequena confusão.Citando:"a APRITEL pede que seja atribuído aos operadores de comunicações electrónicas o estatuto de clientes prioritários no fornecimento de energia".

Desde quando as operadoras fornecem energia aos municípios?É suposto ser a "Ren","Iberdrola" ou "Endesa" e não as empresas de telecomunicações electrónicas que além de não terem nada a ver com o regime jurídico da construção,acesso e instalação de redes,são intermediárias!

"4 - Reforçar a coesão territorial e conetividade de toda a população."

Não é uma meta prioritária,pois praticamente já está a ser cumprida e se mantém como está,ou seja,a maioria da população pode solicitar o equipamento.Aqui ele deve viver num universo paralelo,ou então é um equívoco:o secretário-geral não avaliou como deve ser.

"5 - Tornar Portugal um hub digital internacional de excelência.A APRITEL advoga a criação de um enquadramento específico que incentive e viabilize investimentos de longo prazo por parte de empresas nacionais e posicione Portugal como um destino privilegiado para a instalação de centros de dados sustentáveis e como porta de entrada para cabos submarinos e teleportos,aumentando o investimento estrangeiro no setor e contribuindo para o crescimento da economia digital sustentável." 

Ser um hub digital internacional significa ser uma plataforma de capitalismo tecnológico,do qual traz desvantagens porque é um comércio barato!Criar um enquadramento específico para empresas nacionais é uma forma de restringir a autonomia de estabelecer as normas e só os especialistas é que podem ditar.
O nomadismo digital potenciou muito neste requisito e aproximou as fronteiras do trabalho à distância mas vai uma grande diferença,pois trata-se de uma carreira que fragmenta os indivíduos,levando a ser uma sociedade desvinculada e pobre de contactos pessoais:o objectivo é claramente "robotizar" os profissionais com o motivo de tornar a economia digital atractiva,projectando uma reputação irreal inventada por equipas de colaboradores,do qual são responsáveis por descreverem a empresa e venderem os valores a fim de entrarem na concorrência.

"6 - Promover a literacia digital para todos os cidadãos,independentemente da idade,escolaridade ou condição socioeconómica."

Obviamente é uma excelente ideia e extremamente positiva apostar na educação digital porém infelizmente não vai acabar com as desigualdades latentes de acesso à informação para muita gente...na lista também não vem nada acerca deste problema difícil de ocultar!
Ele devia estar preocupado em combater a infoexclusão:ensinar literacia digital dá bases para se desenrascar.No entanto,quando a predominância é uma população desinformada e alheia à actualidade,perde a eficácia e pouco vai valer.As ferramentas só vão ter utilidade se houver disposição de mudança,caso contrário,só se está a estimular parasitismo e a ajustar todos na mesma linha!!!Antes de tomar uma medida tão imediata,é preciso verificar o panorama através de inquéritos,fazendo o balanço do conhecimento que os cidadãos possuem para elaborarem um programa à altura ou estruturarem conteúdos de acordo com os resultados obtidos.Quando não se querem chatear,é isto que acontece:disseminam cursos previsíveis para se entreterem.
Por outro lado,lidar com quem sabe menos de informática e se arma em espertalhona,chega a ser frustrante:esse tipo de pessoa usa truques,contudo no fundo são lerdas e preguiçosas para aprenderem,preferindo deixar nas mãos de alguém que os guie.
Este factor está aprovado em termos de consciencialização sobre o uso saudável das TIC porque além de ser limitado,é temporário,rondando o patamar primário na escala de consumo cibernético:destina-se aos desorientados,de baixa produtividade e acima de tudo,aos que têm falta de bom-senso.
Se for no sentido de se cultivar,só se alcança explorando a curiosidade e aí sim é um esforço individual e posteriormente há a hipótese de se expandir aos demais.
É uma boa abertura de modo a eliminar a mediocridade e o analfabetismo (des)informativo,o resto fica por conta do indivíduo,cabendo o papel de ser crítico e impulsionador.

Tirando as recomendações,aproveita-se para alongar nesta temática.
Uma das metas por exemplo,é avançar com o blueprint digital,quando na verdade a maioria dos empreendedores mal têm formação em marketing ou negócio próprio,optando por uma trajectória líquida via "Whatsapp" ou filmando online quanto mais recorrerem a um programa automático para mapearem o estado da situação ou a evolução dentro da empresa:isso é um elemento distractivo do trabalho e não uma coisa para ser levado a sério!!!Devia ser ponderado previamente em vez de lançarem porque nem todos os directores escrutinam o ambiente profissional ou nem sempre se interessam por assuntos considerados principais a serem rastreados,guardando para ocasiões favorecedoras dado que determinados cargos usufruem de impunidade,isto é,as chefias têm o direito de decidir se querem ou não aderir a essa facilidade e de mandarem,mais ninguém externo tem o poder,portanto o blueprint é um complemento de inteligência artificial que serve para acompanhar em diversos níveis:é a simplificação no seu pior!

Voltando ao cerne,na número 6 foi vago:não se salienta quem vai ensinar a literacia aos cidadãos,com certeza que são indivíduos fora da área de informática treinados para tal,enquanto que os que são certificados planificam a matéria.Não custa perceber o esquema rasco.
Resumindo,em plena década marcada por instabilidades,a associação devia focar em promover políticas de reciclagem e assistência técnica como em oferecer igualmente serviços de digitalização,fotocópia e impressão acessível aos cidadãos comuns em vez de entregarem as lojas aos imigrantes indostânicos:algo incompreensível de ser ignorado,pois impera uma incompetência gritante no domínio tecnológico!
Para finalizar,é absurdo saltar para outras etapas de transição sem a mínima preparação:só se acentua a relatividade em detrimento da adaptabilidade.

domingo, 15 de dezembro de 2024

Acerca das propostas do plano de acção digital

Esta publicação é acerca das propostas do plano de acção digital para estes dois anos consecutivos.
Ultimamente,foi deparado um artigo relevante que é um documento cheio de ideias recicladas.
Não se trata de formatar:quando não conseguem incentivar ou atingir metas,insistem para que saiam resultados significativos.Quanto mais gente formada em competências digitais ou que preencha os requisitos impingidos,melhor para o governo,porque na perspectiva deles gera postos de trabalho na área tecnológica,útil no quotidiano para meterem gente a fingir estarem ocupadas,a começar pelos formadores.
Da lista de medidas a curto prazo,destacam-se 11 linhas a serem analisadas com as quais se discorda absolutamente.

Dimensão #1 - As pessoas
#2 Programa nacional das raparigas nas STEM
Este programa de facto é muito intrigante:as mulheres que seguem esta área,vão para contribuir para os números nas estatísticas.
Elas optam por carreiras onde haja envolvimento e comunicação oral com o público e leves interacções com máquinas porque não têm capacidade para áreas complexas como a engenharia de computação,já que precisa de ter orientação e usar a lógica para lidar com os desafios.
Mesmo que se esforcem,são superficiais e não vão longe:apenas estão-se a afirmar que entendem as aulas e depois de se filtrar as que passam,conta-se pelos dedos as que tiveram habilidade e desempenho para ser eleita dentro da universidade ou do mercado uma referência performativa.

Dimensão #3 - O Estado
#10 Agenda nacional de inteligência artificial
"Plano de ação para acelerar a adopção de IA em Portugal,assente em 3 eixos de ação (Inovação,Talento e Infraestrutura),com o objectivo de garantir que,em 2030,o país apresenta um ecossistema robusto de IA,que potencie a produtividade da economia."

É o dilema tão esperado:quem e em que condições se vai adoptar a IA?Existe um laboratório privado chamado "INESC-ID" cujas hipóteses são elevadas de constar nesta agenda e para ser um ecossistema robusto daqui a cinco anos,supostamente deviam dotar de matéria-prima para treinarem os mecanismos correctamente...esta parte é pertinente,pois não há grande interesse na progressão da investigação científica e computacional do Estado,levando à precariedade deste meio.

#11 Agência nacional para o digital 
"A agência nacional para o digital assegura uma capacidade reforçada de Portugal na transição digital,em linha com as boas práticas e as prioridades europeias e globais.A agência facilitará uma maior harmonização e eficácia na implementação das políticas públicas relacionadas com o digital."

Caso eles não saibam,a Fundação para a Ciência e a Tecnologia já assume um papel decisivo mas pelos vistos é insuficiente.Além disso,o Centro de Inovação do Técnico tem esse propósito!É escusado investir em algo semelhante quando se pode incluir noutras entidades relacionadas...abrir uma secção ou um departamento que coordene assuntos do digital.

Dimensão #4 - As infraestruturas
#12 Cibersegurança e infraestruturas digitais
"Reforço da capacidade de antecipação e resposta a incidentes de cibersegurança e desenvolvimento de uma cloud soberana,que deve alojar os dados das múltiplas entidades da administração pública."

Curioso,não referem nada no que concerne à ciber-resiliência e aos profissionais credenciados para operarem nesta área invisível que actualmente é valiosa:eles são a defesa dos ataques cibernéticos,combatem vírus,detectam pirataria e vários tipos de delitos online...incrível a falta de consideração!E a cloud soberana na verdade vai ser um armazenamento independente para alojar ficheiros confidenciais e burocracias de empresas.

Plano de acção - medidas para 2025-2026
#2 - Programa nacional das raparigas nas STEM
2.1 - Criação da rede de embaixadoras do programa

Ou seja,é permitido criar revoltas feministas com o pretexto de ser uma rede de embaixadoras,ocultando que também dependem de elementos masculinos para se apoiarem por não terem paciência nem dedicação,normalizando impressões tóxicas,estigmatizantes e preconceituosas de raparigas na STEM,daí a predominância de homens nesta carreira.

2.2 - Criação do emblema "Raparigas nas STEM"

Isto não é empoderamento e sim segregação:reforça a discriminação entre raparigas e rapazes trazendo uma reputação negativa para ambos que frequentam os cursos!!!

2.3 - Operacionalização do programa nacional das raparigas nas STEM

Obviamente que é falso:elas vão desistindo e as que sobram não têm perfil de liderança para suportarem o programa por serem inconscientes e não levarem a sério.No fundo,dão importância à licenciatura ou ao percurso académico (vão para adquirirem estatuto) porque simplesmente é tendência de aprender computação e ciências da engenharia.

#10 Agenda nacional de inteligência artificial
10.1 - Desenvolvimento e lançamento do LLM português

Apesar de já existir o grande modelo de linguagem em português,há que manter a língua preservada e isso não é fácil para um país com fraca influência cultural:aqui existe uma barreira que está a ser suavizada!

10.2 - Implementação de uma fábrica de inteligência artificial

Só podem estar a gozar!!!Será que é preciso lembrar de ser uma área multidisciplinar?Implementar uma fábrica especificamente para a IA implica custos,visões futuras,estudo do impacto ambiental e uma série de parafernálias que têm de ser aprovadas.Está fora de questão:geralmente ou é importada ou reproduzida e não faz sentido porque não existe originalidade nem enriquecimento criativo,muito menos a preocupação de formar licenciados para trabalharem exclusivamente neste ramo!

10.3 - Aquisição de capacidade de computação dedicada à inteligência artificial

Se o objectivo é adquirirem bytes para ampliarem a computação,têm de parar urgentemente com o spam de dados:não se pode saltar para a próxima fase da computação quântica sem souberem o espaço disponibilizado para a IA,se não anda-se a aldrabar!

10.4 - Operacionalização da agenda nacional de IA

Como se vai operar se mal se conhece o currículo dos especialistas por trás da agenda?Lá está,é uma expectativa.Só pode avançar se estiver caminho livre:enquanto fornecerem "migalhas" do PRR para a Inovação tecnológica,nada vai funcionar adequadamente.Sem o consenso de princípios não há bases,há dispersão de ideias e matrizes convencionais,sendo duvidoso.

Após abordar estes pontos em particular,nota-se a repetição das acções a serem tomadas que até pode ser especulação,com a finalidade de escrutinar se o povo é crítico e esperto para intervir civicamente.Lastimavelmente o nível reduzido de participação activa,também revela o vazio e a ignorância,levando a ser "terreno fértil" para o governo aproveitar e fazer o que quer e apetece,reflectindo conformismo...assim ganha vantagem para emitir legislações acessíveis,a pensar que pedem para ser controlados:eis a prova de que o poder está mal gerido!!!
O PDF não convence nada:foi composto com informações descontextualizadas que interpelam o leitor desactualizado.Quem tem o mínimo de discernimento isso não é nenhuma novidade,só deviam acompanhar as etapas de evolução,em vez de mandarem um plano estratégico por cima,de modo a encobrirem "buracos".
Terminando,as propostas de última hora do plano de acção digital são "carne para canhão".

"O discurso é o rosto do espírito." Séneca

"A vida é uma simples sombra que passa (...);é uma história contada por um idiota,cheia de ruído e de furor e que nada significa." William Shakespeare
"O homem que não tem vida interior é escravo do que o cerca" Henri Amiel
"É bom escrever porque reúne as duas alegrias: falar sozinho e falar a uma multidão" Cesare Pavese .